Todos aqueles que ousam expor ao público as suas obras, os seus sentimentos, as suas ideias, estão sujeitos ao julgamento, nem sempre o mais correto, desse público. É assim com os artistas, os pintores, os escritores, os poetas... e ainda bem.
A poetisa Linda Martins não foi excepção. A maravilhosa obra poética que nos deixou foi contestada por uns e aplaudida por outros, mas sempre mais louvada que ignorada.
Nomes sonantes da literatura, à época, teceram rasgados elogios às obras da poetisa, outros incentivaram-na e apoiaram-na na caminhada literária que encetou após a morte do seu adorado marido.
Entre os muitos que estiveram do seu lado, destacamos o escritor Ferreira de Castro que a propósito da edição do livro "Mesmo que seja pecado" fez o comentário que anexamos:
Lisboa, 24 Junho 66
Muito querida amiga:
Com grande satisfação minha, o seu novo livro revela sobretudo na primeira parte, uma notável evolução.
“Mesmo que seja pecado”, “Cantiga magoada”, “Pede-me um astro” e outros poemas, indicam que os seus sentimentos estão a adquirir uma forma mais intelectual para(?) exteriorizar, que o seu lirismo está a subir de nível. Isto representa um bom sintoma e a promessa que o seu belo espírito florescerá ainda mais nos novos trabalhos.
Felicito-a, pois, e mando-lhe um grande abraço amigo.
Ferreira de Castro
Quando lemos um livro, utilizamos para marcar a página em que interrompemos a leitura, os mais diversos processos e objetos. Desde a dobragem da página (nada recomendável) ao papelinho rasgado de um qualquer papel, tudo vale para marcar o ponto em que ficamos na leitura.
Vem isto a propósito dos inúmeros objetos de papel, e não só, que durante o processo bibliotecário por que passa um livro, antes de ser colocado na estante da biblioteca, se encontram dentro dos livros que são ofertados à nossa Biblioteca Paroquial.
A poetisa Linda Martins, que viveu os últimos anos da sua vida na paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Viana do Castelo, aí morreu e foi sepultada em jazigo próprio no cemitério Municipal, foi uma grande benemérita do "Berço" e do Centro Social, doando todo o seu património a esta instituição, incluindo o vasto espólio literário que possuía na sua casa de Lisboa.
A primeira operação que o bibliotecário faz, é verificar o estado de conservação do exemplar que tem na sua frente, folheando-o, examinando se tem folhas dobradas, soltas, descoladas, rasgadas, etc, retirando todos os corpos estranhos, como marcadores e poeiras, limpando-o com um pincel para poder passar às operações seguintes de carimbar, classificar, catalogar e etiquetar.
A razão deste «preâmbulo» prende-se com um bilhete de autocarro que encontrei num livro, dos muitos que se encontravam no acervo bibliotecário que a Linda Martins possuía, especialmente de poesia, e que muito vieram enriquecer a nossa biblioteca.
Estavamos no ano de 1970, a Linda Martins viajou do Porto para Sever do Vouga, no dia 7 de Novembro, na carreira que partia do Porto às 13.00 horas, num autocarro da empresa de camionagem da União Rodoviária do Caima, com sede em Oliveira de Azeméis, como o comprova o bilhete que encontrei num dos livros que estava a ler nesse dia e, quem sabe, talvez tenha comprado no Porto para ajudar a passar o caminho que nesse tempo levava cerca de três horas a percorrer.
Perguntarão os leitores o que fazia a poetisa por aquelas bandas? É que ela casou com um industrial do ramo automóvel de nome Joaquim Martins, natural de Sever do Vouga, que enriqueceu em Angola precisamente nesse setor de actividade, sendo nessa época o representante exclusivo da marca Toyota para aquela colónia portuguesa. Estaria provávelmente a passar férias em casa de familiares do marido, numa das muitas vezes que vinha à Metrópole com o marido em negócios e, enquanto este se ocupava nos negócios, ela aproveitava para visitar os tios no Porto que a criaram e ajudaram na infância.
São tudo conjeturas à volta de um simples bilhete de camioneta de aluguer, que ligava as vilas de Sever do Vouga, Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis, São João da Madeira e Vila da Feira ao Porto, mas que teem grandes probabilidades de terem acontecido.
Viana do Castelo, 2011-09-20
maolmar@gmail.com
Dentro do programa das festas em honra de Nossa Senhora das Necessidades no lugar da Abelheira, realizaram-se ontem dois eventos dignos de registo para a história da paróquia de Nossa Senhora de Fátima. O primeiro foi a caminhada a favor do Centro de Atendimento Temporário (C.A.T.) - vulgarmente conhecido por "Berço de Nossa Senhora das Necessidades" - organizado por um grupo de paroquianos amigos daquela valência, pertencente ao Centro Social e Paroquial de Nossa senhora de Fátima, em Viana do Castelo. O segundo foi a comemoração dos 25 anos da fundação de outra valência - O Jardim de Infância.
A concentração dos participantes na caminhada - um passo pelo berço - teve lugar na rua Campos Monteiro, em frente ao Jardim de Infância. Ao apelo aderiram cerca de centena e meia de paroquianos que, para além do contributo simbólico a favor do berço através da aquisição de uma pulseira de pano, puderam percorrer os cerca de 3,6 quilómetros do percurso fazendo exercício físico na aprazível manhã de sábado, e ainda enriquecer os seus conhecimentos da história do lugar da Abelheira, sábiamente descritos pelo investigador e historiador, Dr. Alberto Antunes de Abreu, que amávelmente acedeu ao convite do senhor padre Artur Coutinho.
Concentração no Jardim de Infância
Na fonte de chafurdo da Abelheira o Dr. Alberto Antunes de Abreu explicando o que é uma fonte de chafurdo
No lugar do Souto, junto à casa de Rubens Martins, um artista vianense de meados do século XX
Em casa dos «Vendeiros» - outrora pertença de António José Rodrigues Lima - foi oferecida uma prova de mel por um paroquiano [?].
Descendentes do Sr. António Rodrigues Lima - fundador da fábrica de chocolates «A vianense» - com o sr. Padre Coutinho.
Em cima, na zona onde se supoe ter existido um castro - diminutivo de castelo - o dr. Abreu explica ao grupo a história deste local.
No final da caminhada - nas instalações do «berço» - o senhor padre Coutinho abençoou o pão, «mimo» que foi oferecido a cada um dos participantes
À tarde, nas instalações do Jardim de Infância na Rua Campos Monteiro, realizou-se uma cerimónia singela, com a presença das crianças que frequentam aquela valência de apoio à infância e dos seus pais e familiares, assinalando a passagem das «bodas de prata» daquela unidade educativa, que tantos jovens acolheu ao longo da sua existência, preparando-os para o ingresso na vida escolar.
Estiveram presentes ao ato, a Dra. Teresa Barroso, colaboradora da Paróquia e ex-membro da direção, e o autor destas linhas, em representação da direção do Centro Social, por impedimento do senhor Padre Coutinho.
O bolo do 25.º aniversário
A dra. Teresa Barroso e a Coordenadora do Jardim de Infância, Educadora Gabriela, acendendo as 25 velas do bolo